quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Uma coisa é você viver na falsidade e gostar disso, outra coisa bem diferente é querer que os 

outros aceitem conviver com isso como se nada de anormal estivesse acontecendo... portanto,

 se sua vida é uma farsa e se sente-se bem assim, ótimo para vc, mas não queira que os 

outros aceitem isso numa boa, nem todo mundo gosta de viver assim, ser covarde não é uma 

característica de todos...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra!

O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos.
Olham o escândalo na televisão e exclamam
'que horror'.
Sabem do roubo do político e falam
'que vergonha'.
Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam
'que absurdo'.
Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem
'que baixaria'.
Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram 'que medo' E pronto!
Pois acho que precisamos de uma transição
'neste país'.
Do ressentimento passivo à participação ativa.
Pois recentemente estive em Porto Alegre,
onde pude apreciar atitudes com as quais
não estou acostumado, paulista/paulistano que sou.
Um regionalismo que simplesmente não existe
na São Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém.
No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa.
Abriram com o Hino Nacional.
Todos em pé, cantando.
Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul.
Fiquei curioso. Como seria o hino?
Começa a tocar e, para minha surpresa,
todo mundo cantando a letra!
'Como a aurora precursora /
do farol da divindade, /
foi o vinte de setembro /
o precursor da liberdade '
Em seguida um casal, sentado do meu lado,
prepara um chimarrão.
Com garrafa de água quente e tudo.
E oferece aos que estão em volta.
Durante o evento, a cuia passa de mão em mão,
até para mim eles oferecem.
E eu fico pasmo. Todos colocando a boca
na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado.
Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é 'comunidade'.
Fiquei imaginando quem é que sabe cantar
o hino de São Paulo.
Aliás, você sabia que São Paulo tem hino?
Pois é... Foi então que me deu um estalo.
Sabe como é que os 'ressentimentos passivos'
se transformarão em participação ativa?
De onde virá o grito de 'basta' contra
os escândalos, a corrupção e o deboche
que tomaram conta do Brasil?
De São Paulo é que não será.
Esse grito exige consciência coletiva,
algo que há muito não existe em São Paulo.
Os paulistas perderam a capacidade
de mobilização. Não têm mais interesse
por sair às ruas contra a corrupção.
São Paulo é um grande campo de refugiados,
sem personalidade, sem cultura própria, sem 'liga'.
Cada um por si e o todo que se dane.
E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes.
Penso que o grito - se vier - só poderá
partir das comunidades que ainda têm
essa 'liga'. A mesma que eu vi em Porto Alegre.
Algo me diz que mais uma vez os gaúchos
é que levantarão a bandeira. Que buscarão
em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo.
Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.
De minha parte, eu acrescentaria, ainda:



'...Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra...'
Arnaldo Jabor

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Amar é Punk


Eu já passei da idade de ter um tipo físico de homem ideal para eu me relacionar. 
 É, pessoal, não tem jeito. Relacionamento a gente constrói. Dia após dia. Dosando paciência, silêncios e longas conversas. Engraçado que quando a gente pára de acreditar em “amor da vida”, um amor pra vida da gente aparece. Sem o glamour da alma gêmea. Sem as promessas de ser pra sempre. Sem borboletas no estômago. Sem noites de insônia. É uma coisa simples do tipo: você conhece o cara. Começa, aos poucos, a admirá-lo. A achá-lo foda. E, quando vê, você tá fazendo coraçãozinho com a mão igual uma pangaré. (E escrevendo textos no blog para que ele entenda uma coisa: dessa vez, meu caro, é diferente).

Adeus expectativas irreais, adeus sonhos de adolescente. Ele vai esquecer todo mês o aniversário de namoro, mas vai se lembrar sempre que você gosta do seu pão-de-sal bem branco (e com muito queijo). Ele não vai fazer declarações românticas e jantares à luz de vela, mas vai saber que você está de TPM no primeiro “Oi”, te perdoando docemente de qualquer frase dita com mais rispidez.

Ah, gente, sei lá. Descobri que gosto mesmo é do tal amor. da paixão, não. Depois de anos escrevendo sobre querer alguém que me tire o chão, que me roube o ar, venho humildemente me retificar. eu quero alguém que divida o chão comigo. quero alguém que me traga fôlego. Entenderam? Quero dormir abraçada sem susto. Quero acordar e ver que (aconteça o que acontecer), tudo vai estar em seu lugar. Sem ansiedades. Sem montanhas-russas.
Antes eu achava que, se não tivesse paixão, eu iria parar de escrever, minha inspiração iria acabar e meus futuros livros iriam pra seção B da auto-ajuda, com um monte de margaridinhas na capa. Mas, caramba! Descobri que não é nada disso. Não existe nada mais contestador do que amar uma pessoa só. Amar é ser rebelde. É atravessar o escuro. É, no meu caso, mudar o conceito de tudo o que já pensei que pudesse ser amor. Não, antes era paixão. Antes era imaturidade. Antes era uma procura por mim mesma que não tinha acontecido.

Sei que já falei muito sobre amor, acho que é o grande tema da vida da gente. Mas amor não é só poesia e refrões. Amor é reconstrução.É ritmo. Pausas. Desafinos. E desafios.

Demorei anos pra concordar com meu querido (e sempre citado) Cazuza: “eu quero um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida”. Antes, ao ouvir essa música, eu sempre pensava (e não dizia): porra, que tédio!

Ah, Cazuza! Ele sempre soube. Paixão é para os fracos. Mas amar - ah, o amor! - AMAR É PUNK.